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Texto publicado originalmente no site TODA MATÉRIA
Resumo de Livro:
Os Sertões, de Euclides da Cunha
Por Daniela Diana (Professora licenciada em Letras)
“Os Sertões” é uma das obras mais emblemáticas do escritor
pré-modernista Euclides da Cunha (1866-1909), publicada em 1902.
A obra regionalista narra os acontecimentos da sangrenta
Guerra de Canudos, liderada por Antônio Conselheiro (1830-1897), que ocorreu no
Interior da Bahia, durante 1896 e 1897.
Trata-se de um relato histórico mesclado à literatura, posto
que Euclides foi convidado pelo Jornal Estado de São Paulo para cobrir a guerra
no Arraial de Canudos e nesse momento, surgiu sua obra.
Por esse motivo, "Os Sertões" representa um marco
da literatura e na história do Brasil, sendo, portanto, analisada por outras
áreas do conhecimento, tal qual: Antropologia, Sociologia, Geografia e
História.
A obra possui um caráter crítico e realista nunca antes
abordado por um literato do Brasil, donde Euclides por meio de uma linguagem
cientificista recrimina o nacionalismo e ufanismo exacerbado da sociedade
brasileira da época, mostrando a face cotidiana e realista do país e das
pessoas que o compõem.
De tal modo, trata-se de uma prosa científica e artística,
acabando com essa visão idealista do índio herói e do negro trabalhador, abordado
com entusiasmo pelos escritores do romantismo.
Para saber mais sobre a vida do escritor, acesse: Euclides
da Cunha
Estrutura da Obra
“Os Sertões” é uma obra extensa com cerca de 630 páginas,
dividido em 3 partes, as quais são constituídas por diversos capítulos, a
saber:
A Terra
Descrição do ambiente (local, clima, relevo, fauna, flora,
vegetação, etc.) do sertão e da seca que assola a região. Trata-se de um estudo
geográfico, dividido em 5 capítulos:
I. Preliminares. A entrada do sertão. Terra ignota. Em
caminho para Monte Santo. Primeiras impressões. Um sonho de geólogo.
II. Golpe de vista do alto de Monte Santo. Do alto da
Favela.
III. O clima. Higrômetros singulares.
IV. As secas. Hipóteses a gênese das secas. As caatingas. O
juazeiro. A Tormenta. Ressurreição da Flora. O umbuzeiro. A jurema. O sertão é
um paraíso. Manhãs sertanejas.
V. Uma categoria geográfica que Hegel não citou. Como se faz
um deserto. Como se extingue o deserto. O martírio secular da terra.
O Homem
Descrição do homem, da vida e dos costumes do sertão, ou
seja, do sertanejo. Trata-se de um estudo antropológico e sociológico, donde o
homem é determinado pela tríade - meio, raça e história - segundo a teoria
determinista do historiador francês Hippolyte Taine (1828-1893). Essa parte da
obra é dividida em 5 capítulos:
I. Complexidade do problema etnológico no Brasil.
Variabilidade do meio físico. (...) e sua reflexão na História. Ação do meio na
fase inicial da formação das raças. A formação brasileira no Norte. Os
primeiros povoadores. A gênese do mulato.
II. Gênese dos jagunços. Função histórica do rio S.
Francisco. Os jagunços: colaterais prováveis dos paulistas. O vaqueiro.
Fundações jesuíticas na Bahia. Causas favoráveis à formação mestiça dos sertões,
distinguindo-a dos cruzamentos no litoral. Um parêntesis irritante. Uma raça
forte.
III. O sertanejo. Tipos díspares: o jagunço e o gaúcho. O
vaqueiro. O gaúcho. O jagunço. Os vaqueiros. Servidão inconsciente. A
vaquejada. A arribada. Estouro da Boiada. Tradições. Danças. Desafios. A seca.
Insulamento no deserto. Religião mestiça. Fatores históricos da religião
mestiça. Caráter variável da religiosidade sertaneja. a “Pedra Bonita”. Monte
Santo. As missões atuais. Os “Serenos”.
IV. Antônio Conselheiro, documento vivo de atavismo. Um
gnóstico bronco. Grande homem pelo avesso. Representante natural do meio em que
nasceu. Antecedentes de família: os Maciéis. Lutas entre Maciéis e Araújos. Uma
vida bem auspiciada. Primeiros reveses. A queda. Como se faz um monstro.
Peregrinações e martírios. Lendas. O asceta. As prédicas. Preceitos de
montanista. Profecias. Um heresiarca do século 2 em plena idade moderna.
Tentativas de reação legal. Mais lendas. Hégira para o sertão.
V. Canudos: antecedentes. Crescimento vertiginoso. Aspecto
original. Regimen da “urbs”. População multiforme. Polícia de bandidos.
Depredações. O templo. Estrada para o céu. As rezas. Agrupamentos bizarros. O
“beija” das imagens. Por que não pregar contra a República? Uma missão
abortada. Retrato do Conselheiro. Maldição sobre a Jerusalém de taipa.
A Luta
Descrição da Guerra de Canudos que dizimou grande parte da
população nordestina. Trata-se de um estudo historiográfico, dividido em 34
capítulos, narra as quatro expedições realizadas pelo exército e ainda sobre o
período do pós-guerra:
A primeira expedição é dividida em 4 capítulos:
I. Preliminares. Antecedentes.
II. Causas próximas da luta. Uauá. Primeiro combate.
III. Preparativos da reação. A guerra das caatingas.
IV. Autonomia duvidosa. Travessia do cambaio.
A segunda expedição é dividida em 6 capítulos:
I. Monte Santo. Triunfos antecipados.
II. Incompreensão da campanha. Em marcha para Canudos.
III. O Cambaio. Baluartes sine calcii linimenti. Primeiro
recontro. João Grande. Episódio trágico.
IV. Nos Tabuleirinhos. Segundo combate. A Legio Fulminata de
João Abade. Novo milagre de Conselheiro.
V. Retirada.
VI. Procissão dos jiraus. Expedição Moreira César.
A terceira expedição é dividida em 6 capítulos:
I. Moreira César e o meio que o celebrizou. Floriano
Peixoto. Moreira César. Primeira expedição regular. Crítica. Cresce a População
de Canudos. Como aguardam os jagunços a nova expedição. Trincheiras. Armas.
Pólvora. Balas. Lutadores. João Abade. Procissões. Rezas.
II. Partida de Monte Santo. Primeiros erros. Nova estrada.
Em marcha para Angico. Psicologia do soldado brasileiro.
III. Pitombas. O primeiro encontro. “Esta gente está
desarmada...”. O pânico e a bravura. “Em acelerado! ”. Dois cartões de visita
ao Conselheiro. Um olhar sobre Canudos. Chegada da Força. Rebate.
IV. A ordem de batalha. O terreno. Crítica. Cidadela-mundéu.
Conflitos Parciais. Saques antes do triunfo. No labirinto das vielas. Situação
inquietadora. Moreira César fora de combate. Recuo. Ao bater da Ave-Maria.
V. Sobre o Alto do Mário. O coronel Tamarindo. Alvitre de
retirada. Protesto de Moreira César. Retirada. Vaia.
VI. Debandada. Fuga. Salomão da Rocha. Um arsenal ao ar
livre. Uma diversão cruel.
A quarta expedição é dividida em 8 capítulos:
I. Desastres. Canudos — uma diátese. Empastelamento de
jornais monárquicos. A rua do Ouvidor e as caatingas. Considerações. Versões
disparatadas. Mentiras heróicas. O cabo Roque. Levantamento em massa. Planos.
Um tropear de bárbaros.
II. Mobilização de tropas. Concentração em Queimadas.
Organiza-se a 4.ª expedição. Críticas. Delongas. Não há um plano de campanha.
Crítica. A comissão de engenharia. Siqueira de Meneses. Estrada de Calumbi. A
marcha para Canudos. O 5.° Corpo de Polícia Baiana. Alteração da formatura.
Incidentes. Um guia temeroso: Pajeú. No Rosário. Passagem nas Pitombas.
Recordações cruéis. O alto da Favela. Fuzilaria. Crítica. Trincheiras dos
Jagunços. Continua a fuzilaria. Acampamento na Favela. Canudos. Chuva de balas.
Confusão e Desordem. Baixas. Uma divisão aprisionada.
III. Coluna Savaget. Carlos Teles. Cocorobó. Retrospecção
geológica. Diante das trincheiras. Carga de baionetas excepcional. A travessia.
Macambira. Nova carga de baionetas.Fuzilaria. Bombardeio. Trabubu. Emissário
inesperado. Destrói-se um plano de campanha.
IV. Vitória singular. O medo. Baixas. Começo de uma batalha
crônica. Canhoneio. Réplica dos jagunços. Regímen de privações. Aventuras do
cerco. Caçadas perigosas. Desânimos. Assalto ao acampamento. A “matadeira”.
Atitude do comando-em-chefe. Outro olhar sobre Canudos. Desânimo. Deserções
heroicas. Um choque galvânico na expedição combalida.
V. O assalto: preparativos. Plano do assalto. O recontro.
Linha de combate. Crítica. Confusão. Tocaias dos jagunços. Nova vitória
desastrosa. Baixas. Nos flancos de Canudos. Posição crítica. Notas de um
diário. Triunfos pelo telégrafo.
VI. Pelas estradas. Os feridos. Depredações. Incêndios.
Primeiras notícias certas. Baixas. Versões e lendas. “Viva o Bom Jesus !”. Um
lance épico.
VII. Outros reforços. A brigada Girard. Heroísmo estranho.
Em viagem para Canudos.
VIII. Novos reforços. O marechal Bitencourt. Quadro
lancinante. Colaboradores prosaicos demais. Em Canudos. O sino da igreja.
Fuzilaria.
A “nova fase da luta” é dividida em 3 capítulos:
I. Queimadas. Páginas demoníacas. Uma ficção geográfica.
Fora da pátria. Em Canudos. Prisioneiros. Diante de uma criança. Outra criança.
Na estrada de Monte Santo. Palimpsestos ultrajantes. Em Monte Santo. Em
Canudos. Uma “vaia entusiástica”. Trincheira Sete de Setembro. Estrada de
Calumbi.
II. Marcha da divisão auxiliar. Medo glorioso. Caxomongó.
Rebate falso. Em busca de uma meia ração de glória. Aspecto do acampamento.
Canudos. O charlatanismo da coragem.
III. Embaixada ao céu. Complemento do assédio. Cenário de
tragédia.
Os “últimos dias” é dividido em 7 capítulos:
I. O estrebuchar dos vencidos. Os prisioneiros. A degola.
II. Depoimento do autor. Um grito de protesto.
III. Titãs contra moribundos. Constringe-se o assédio.
Cavando o próprio túmulo. Trincheira de cadáveres. Em torno das cacimbas. Sobre
os muradais da igreja nova.
IV. Passeio dentro de Canudos.
V. O assalto. O canhoneio. Réplica dos jagunços. Baixas.
Tupi Caldas. A dinamite. Continua a réplica. Baixas. No hospital de sangue.
Notas de um Diário. Antônio, o Beatinho. Morte de Conselheiro. Prisioneiros.
VI. O fim. Canudos não se rendeu. O cadáver do Conselheiro.
VII. Duas linhas.
Para saber mais sobre esse evento, leia o artigo: Guerra de
Canudos
Resumo da Obra
Inicialmente, Euclides foca na descrição do Sertão, o local
onde será desenvolvido o enredo. Aponta para aspectos da paisagem desde o
relevo, a fauna, a flora e o clima árido. Segundo ele, a paisagem do local
distante do litoral, indica a exploração do homem durante anos.
Já na primeira parte da obra ele aborda sobre os habitantes
do local, o sertanejo e o jagunço, os quais fazem parte dessa paisagem. Sendo
assim, nesse primeiro momento, apresenta uma região separada geográfica e
temporalmente do resto do país.
Na segunda parte da obra “O Homem”, Euclides enfoca
sobretudo, na descrição do sertanejo, do jagunço e do cangaceiro, bem como na
resistência do povo em relação à terra, analisando, por conseguinte, a figura
do líder do Arraial de Canudos, Antônio Conselheiro, desde sua genealogia e
objetivos.
Nesse momento da obra, notamos o determinismo racial, já que
Euclides abrange as questões raciais que englobam o índio, português, negro,
também formadas por sub-raças, o mestiço. Sendo, portanto, o homem o fruto do
meio em que vive.
Na Terceira parte da obra “A luta”, o autor descreve os
embates que ocorreram entre o sertanejo (considerados os bandidos do sertão) e
o exército nacional do Brasil.
Aborda sobre as quatro expedições realizadas pelo exército
nacional, enviados para destruir o Arraial de Canudos, que contava com cerca de
20 mil habitantes.
A história termina com o trágico desfecho e a destruição de
Canudos.
Texto reproduzido do site: todamateria.com.br
Texto publicado originalmente no site TODA MATÉRIA
As obras de Euclides da Cunha teve diversas
adaptações para cinema e tevê, teatro e música
Texto reproduzido do site: todamateria.com.br
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Imagem reproduzida do site oquevidomundo.com
e postada pelo blog
Euclides da Cunha
Euclides da Cunha foi um importante escritor modernista
brasileiro, uma figura multifacetada que atuou também como professor, filósofo,
historiador, sociólogo, jornalista, engenheiro, geógrafo, dentre outros. Foi
Patrono da cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), eleito em 1903.
Biografia
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo
(RJ), no dia 20 de janeiro de 1866, na Fazenda Saudade. Sua mãe, Eudósia Alves
Moreira da Cunha, falece quando ele tinha apenas 3 anos. Para tanto, foi criado
por tios e avós e chegou a morar em Teresópolis, São Fidélis e Rio de Janeiro.
Aos 19 anos, ingressou na Escola Politécnica donde cursou um
ano de Engenharia Civil; mais tarde ingressou na Escola Militar da Praia
Vermelha sendo expulso.
Forma-se em Engenharia Militar, bacharelando-se também em
Matemática e Ciências Físicas e Naturais (1890 a 1892). Ao afastar-se do
exército, muda-se para São Paulo, e passa a colaborar com o jornal O Estado de
São Paulo. Nesse momento, é convidado como jornalista a cobrir o conflito de
Canudos, no interior da Bahia, em 1897.
Após cinco anos, publica sua obra mais conhecida “Os
Sertões” (1902), um relato histórico-ficcional sobre o Arraial de Canudos e a
destruição de seu povo.
No ano seguinte foi eleito membro da Academia Brasileira de
Letras (ABL) e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).
Trabalhou durante alguns anos como engenheiro civil até o
momento que decide voltar para o Rio de Janeiro; nesse ínterim, presta concurso
para a cadeira de Lógica do Colégio Pedro II, em 1909.
Falece no Rio de Janeiro,15 de agosto de 1909, com 43 anos,
assassinado.
Obras
Euclides da cunha escreveu romances, ensaios, artigos.
Algumas de suas obras mais relevantes:
A guerra no sertão (1899)
As secas do Norte (1900)
O Brasil no século XIX (1901)
Os Sertões (1902)
Civilização (1904)
Contrastes e Confrontos (1906)
Peru Versus Bolívia (1907)
Castro Alves e o Seu Tempo (1908)
A Margem da História (1909)
Os Sertões
Sua obra mais importante, publicada em 1902, “Os Sertões”,
narra os acontecimentos da guerra de canudos (1896-1897), no interior da Bahia,
liderada por Antônio Conselheiro (1830-1897).
Euclides da Cunha foi convidado como jornalista, pelo Jornal
Estado de São Paulo, a cobrir a guerra (Canudos: diário de uma expedição. O
Estado de São Paulo, 1897) e, assim, surge sua obra mais emblemática, num misto
de literatura, relato histórico e jornalístico, dividida em três partes:
A Terra: descrição do ambiente do sertão, da seca.
O Homem: descrição do homem, da vida e dos costumes do
sertão, o sertanejo.
A Luta: a guerra de canudos.
Curiosidades
Em homenagem a essa figura singular, há uma cidade chamada
“Euclides da Cunha”, no estado da Bahia.
Texto reproduzido do site: todamateria.com.br
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