Como incentivar a leitura infantil?
Por Tainah Medeiros
A leitura é um hábito que se cria, e como todo hábito deve
ser cultivado no dia a dia das crianças para se tornar uma rotina comum e
familiar. Os pequenos geralmente aprendem a ler por volta dos cinco anos, mas
precisam ser inseridos no mundo da leitura antes dessa idade. Para isso,
devemos aproveitar o comportamento infantil natural de observação e imitação
das atitudes dos pais, além de relacionar a atividade a outras atrativas e
divertidas.
Paulo Ramicelli, assessor da diretoria do Instituto EDP,
entidade responsável pelo projeto “Ler é uma Viagem”, explica que o principal
mecanismo para incentivar a leitura é a criatividade. “O momento da leitura tem
que ser visto como uma hora de diversão; associar o hábito a uma obrigação fará
com que a criança tenha a sensação de que está sendo punida, e assim
dificilmente desenvolverá o prazer que a leve a inserir a leitura em sua
rotina.”
O primeiro passo é tornar os livros mais atraentes, e aí
entra o papel fundamental dos pais ou responsáveis. “Para as crianças se
apaixonarem pelos livros, não é preciso saber ler. Isso pode acontecer sem que
elas sejam alfabetizadas. Elas precisam ser estimuladas a ter contato com a
leitura antes mesmo de completarem um ano. É necessário que o educador passe um
tempo lendo para a criança. A leitura pode ser feita de inúmeras maneiras, mas
o ideal é que seja de modo lúdico. Vale apostar em encenações teatrais,
fantasias, fantoches e contar com a ajuda de algum instrumento musical que o
leitor saiba tocar, sempre estimulando e incentivando a participação do pequeno
na brincadeira”, sugere Ramicelli.
É importante escolher
um estilo de livro que esteja de acordo com a faixa etária e com um tema de que
a criança goste. “Isso faz com que ela busque conhecimento sozinha e seja mais
autônoma na descoberta dos próximos livros que desejará ler. Aos poucos, tente
estimular outros temas, mas sempre respeitando o gosto da criança. Forçar uma
leitura ou um livro fará com que ela inicie a atividade com desgosto”, afirma
Ramicelli. Opções com bastantes imagens e ilustrações são uma boa pedida.
“Crianças gostam de imaginar o que está escrito, assim como nós. Peça para ela
interpretar a cena da maneira como ela imagina; isso fará com que a leitura
ganhe vida e ajudará a estimular a imaginação. Vá incluindo letras e frases na
brincadeira, mas sempre estimule a interpretação”, completa.
Até a disposição dos livros em casa faz diferença. Para a
criança, os volumes organizados em uma prateleira passam a ideia de algo que
não deve ser mexido. O assessor lembra que dificilmente a criança vai enxergar
ou alcançar o livro, logo, ela não terá vontade de ler, fora o risco de
acidentes, caso tente escalar a estante. “O ideal é criar locais interessantes
para guardá-los. Em nossos projetos criamos o baú e o carrinho da leitura. É
importante usar a criatividade e enfeitar esses locais, as crianças gostam de adornos
alegres e que chamem a atenção.”
Leitura no Brasil
A educação e sua qualidade estão ligadas diretamente à
leitura. O aperfeiçoamento do vocabulário e da escrita contribui para a
criatividade do leitor, portanto, cabe aos pais e professores orientar e buscar
maneiras de desenvolver tais habilidades.
Contudo, a realidade da leitura no Brasil é preocupante.
Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto
Pró-Livro em 2012, que entrevistou 93% da população brasileira com cinco anos
ou mais, cerca de 85% das pessoas afirmaram que nas horas vagas gostam de
assistir à televisão. Apenas 28% citaram a preferência por ler um livro.1 Em
média, o brasileiro lê pouquíssimo: apenas quatro livros por ano, e dois desses
ainda por partes.
A importância do estímulo externo fica nítido pelos dados da
pesquisa. Cerca de 87% dos entrevistados não leitores (que não leram nenhum
livro nos últimos três meses anteriores ao levantamento) nunca foram
presenteados com livros. Aproximadamente 63% nunca viram a mãe lendo, número
que sobe para 68% quando se trata do exemplo paterno.
O ideal é iniciar a motivação cedo, mas adolescentes também
podem ser estimulados, aproveitando sua maior maturidade. “Jovens gostam
bastante de tecnologia, então, se possível, mostre que dá para acessar um livro
por meio da internet. Promover um clube de leitura dentro da família também é
uma boa iniciativa. Todo mês alguém indica um livro que deve ser lido por todos
os integrantes da casa e em determinado dia a família se senta para conversar
sobre a obra”, afirma Ramicelli.
Foto e texto reproduzidos do site: drauziovarella.com.br
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