Mario Quintana
Aquele homem ali no balcão, caninha após caninha,
nem desconfia que se acha conosco desde o início
das eras. Pensa que está somente afogando problemas
dele, João Silva... Ele está é bebendo a milenar
inquietação do mundo!"
Mario de Miranda Quintana nasceu na cidade de Alegrete (RS),
no dia 30 de julho de 1906, quarto filho de Celso de Oliveira Quintana,
farmacêutico, e de D. Virgínia de Miranda Quintana. Com 7 anos, auxiliado pelos
pais, aprende a ler tendo como cartilha o jornal Correio do Povo. Seus pais
ensinam-lhe, também, rudimentos de francês.
No ano de 1914 inicia seus estudos na Escola Elementar Mista
de Dona Mimi Contino.
Em 1915, ainda em Alegrete, freqüentou a escola do mestre
português Antônio Cabral Beirão, onde conclui o curso primário. Nessa época
trabalhou na farmácia da família. Foi matriculado no Colégio Militar de Porto
Alegre, em regime de internato, no ano de 1919. Começa a produzir seus
primeiros trabalhos, que são publicados na revista Hyloea, órgão da Sociedade
Cívica e Literária dos alunos do Colégio.
Por motivos de saúde, em 1924 deixa o Colégio Militar.
Emprega-se na Livraria do Globo, onde trabalha por três meses com Mansueto
Bernardi. A Livraria era uma editora de renome nacional.
No ano seguinte, 1925, retorna a Alegrete e passa a
trabalhar na farmácia de seu pai. No ano seguinte sua mãe falece. Seu conto, A
Sétima Personagem, é premiado em concurso promovido pelo jornal Diário de
Notícias, de Porto Alegre.
O pai de Quintana falece em 1927. A revista Para Todos, do
Rio de Janeiro, publica um poema de sua autoria, por iniciativa do cronista
Álvaro Moreyra, diretor da citada publicação.
Em 1929, começa a trabalhar na redação do diário O Estado do
Rio Grande, que era dirigida por Raul Pilla. No ano seguinte a Revista do Globo
e o Correio do Povo publicam seus poemas.
Vem, em 1930, por seis meses, para o Rio de Janeiro,
entusiasmado com a revolução liderada por Getúlio Vargas, também gaúcho, como
voluntário do Sétimo Batalhão de Caçadores de Porto Alegre.
Volta a Porto Alegre, em 1931, e à redação de O Estado do
Rio Grande.
O ano de 1934 marca a primeira publicação de uma tradução de
sua autoria: Palavras e Sangue, de Giovanni Papini. Começa a traduzir para a
Editora Globo obras de diversos escritores estrangeiros: Fred Marsyat, Charles
Morgan, Rosamond Lehman, Lin Yutang, Proust, Voltaire, Virginia Woolf, Papini,
Maupassant, dentre outros. O poeta deu uma imensa colaboração para que obras
como o denso Em Busca do Tempo Perdido, do francês Marcel Proust, fossem lidas
pelos brasileiros que não dominavam a língua francesa.
Retorna à Livraria do Globo, onde trabalha sob a direção de
Érico Veríssimo, em 1936.
Em 1939, Monteiro Lobato lê doze quartetos de Quintana na
revista lbirapuitan, de Alegrete, e escreve-lhe encomendando um livro. Com o
título Espelho Mágico o livro vem a ser
publicado em 1951, pela Editora Globo.
A primeira edição de seu livro A Rua dos Cataventos, é lançada em 1940 pela
Editora Globo. Obtém ótima repercussão e seus sonetos passam a figurar em
livros escolares e antologias.
Em 1943, começa a publicar o Do Caderno H, espaço diário na
Revista Província de São Pedro.
Canções, seu segundo livro de poemas, é lançado em 1946 pela
Editora Globo. O livro traz ilustrações de Noêmia.
Lança, em 1948, Sapato Florido, poesia e prosa, também
editado pela Globo. Nesse mesmo ano é publicado O Batalhão de Letras, pela
mesma editora.
Seu quinto livro, O Aprendiz de Feiticeiro, versos, de 1950,
é uma modesta plaquete que, no entanto, obtém grande repercussão nos meios
literários. Foi publicado pela Editora Fronteira, de Porto Alegre.
Em 1951 é publicado, pela Editora Globo, o livro Espelho
Mágico, uma coleção de quartetos, que trazia na orelha comentários de Monteiro
Lobato.
Com seu ingresso no Correio do Povo, em 1953, reinicia a
publicação de sua coluna diária Do Caderno H (até 1967). Publica, também,
Inéditos e Esparsos, pela Editora Cadernos de Extremo Sul - Alegrete (RS).
Em 1962, sob o título Poesias, reúne em um só volume seus
livros A Rua dos Cataventos, Canções, Sapato Florido, espelho Mágico e O
Aprendiz de Feiticeiro, tendo a primeira edição, pela Globo, sido patrocinada
pela Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul.
Com 60 poemas inéditos, organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes
Campos, é publicada sua Antologia Poética, em 1966, pela Editora do Autor - Rio
de Janeiro. Lançada para comemorar seus 60 anos, em 25 de agosto o poeta é
saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira,
que recita o seguinte poema, de sua autoria, em homenagem a Quintana:
Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!
Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.
São cantigas sem esgares.
Onde as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.
São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.
São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.
Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares.
E quer no pudor dos lares.
Quer no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares
Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.
Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares...
Perdão! digo quintanares.
A Antologia Poética recebe em dezembro daquele ano o Prêmio
Fernando Chinaglia, por ter sido considerado o melhor livro do ano. Recebe
inúmeras homenagens pelos seus 60 anos, inclusive crônica de autoria de Paulo
Mendes Campos publicada na revista Manchete no dia 30 de julho.
Preso à sua querida Porto Alegre, mesmo assim Quintana fez
excelentes amigos entre os grandes intelectuais da época. Seus trabalhos eram
elogiados por Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Morais, Cecília Meireles
e João Cabral de Melo Neto, além de Manuel Bandeira. O fato de não ter ocupado
uma vaga na Academia Brasileira de Letras só fez aguçar seu conhecido humor e
sarcasmo. Perdida a terceira indicação para aquele sodalício, compôs o
conhecido
Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
(Prosa e Verso, 1978)
A Câmara de Vereadores da capital do Rio Grande do Sul —
Porto Alegre — concede-lhe o título de Cidadão Honorário, em 1967. Passa a
publicar Do Caderno H no Caderno de Sábado do Correio do Povo (até 1980).
Em 1968, Quintana é homenageado pela Prefeitura de
Alegrete com placa de bronze na praça principal da cidade,
onde estão palavras do poeta: "Um engano em bronze, um engano
eterno". Falece seu irmão Milton, o
mais velho.
1973. Nesse ano o poeta e prosador lançou, pela Editora
Globo — Coleção Sagitário — o livro Do Caderno H. Nele estão seus pensamentos
sobre poesia e literatura, escritos desde os anos 40, selecionados pelo autor.
Em 1975 publica o poema infanto-juvenil Pé de Pilão,
co-edição do Instituto Estadual do Livro com a Editora Garatuja, com introdução
de Érico Veríssimo. Obtém extraordinária acolhida pelas crianças.
Quintanares é impresso em 1976, em edição especial, para ser
distribuído aos clientes da empresa de publicidade e propaganda MPM. Por
ocasião de seus 70 anos, o poeta é alvo de excepcionais homenagens. O Governo
do Estado concede-lhe a medalha do Negrinho do Pastoreio — o mais alto galardão
estadual. É lançado o seu livro de poemas Apontamentos de História
Sobrenatural, pelo Instituto Estadual do Livro e Editora Globo.
A Vaca e o Hipogrifo, segunda seleção de crônicas, é
publicado em 1977 pela Editora Garatuja. O autor recebe o Prêmio Pen Club de
Poesia Brasileira, pelo seu livro Apontamentos de História Sobrenatural.
Em 1978 falece, aos 83 anos, sua irmã D. Marieta Quintana
Leães. Realiza-se o lançamento de Prosa & Verso, antologia para didática,
pela Editora Globo. Publica Chew me up slowly, tradução Do Caderno H por Maria
da Glória Bordini e Diane Grosklaus para a Editora Globo e Riocell (indústria
de papel).
Na Volta da Esquina, coletânea de crônicas que constitui o
quarto volume da Coleção RBS, é lançado em 1979, Editora Globo. Objetos
Perdidos y Otros Poemas é publicado em Buenos Aires, tradução de Estela dos
Santos e organização de Santiago Kovadloff.
Seu novo livro de poemas é publicado pela L&PM Editores
- Porto Alegre, em 1980: Esconderijos do Tempo. Recebe, no dia 17 de julho, o
Prêmio Machado de Assis conferido pela Academia Brasileira de Letras pelo
conjunto de sua obra. Participa, com Cecília Meireles, Henrique Lisboa e
Vinicius de Moraes, do sexto volume da coleção didática Para Gostar de Ler,
Editora Ática.
Em 1981, participa da Jornada de Literatura Sul
Rio-Grandense, uma iniciativa da Universidade de Passo Fundo e Delegacia da
Educação do Rio Grande do Sul. Recebe de quase 200 crianças botões de rosa e
cravos, em homenagem que lhe é prestada, juntamente com José Guimarães e
Deonísio da Silva, pela Câmara de Indústria, Comércio, Agropecuária e Serviços
daquela cidade. No Caderno Letras & Livros do Correio do Povo, reinicia a
publicação Do Caderno H. Nova Antologia Poética é publicada pela Editora
Codecri - Rio de Janeiro.
O autor recebe o título de Doutor Honoris Causa, concedido
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no dia 29 de outubro de 1982.
É publicado, em 1983, o IV volume da coleção Os Melhores
Poemas, que homenageia Mario Quintana, uma seleção de Fausto Cunha para a
Global Editora - São Paulo. Na III Festa Nacional do disco, em Canela (RS), é
lançado um álbum duplo: Antologia Poética de Mario Quintana, pela gravadora
Polygram. Publicação de Lili Inventa o Mundo, Editora Mercado Aberto - Porto
Alegre, seleção de Mery Weiss de textos publicado em Letras & Livros e
outros livros do autor. Por aprovação unânime da Assembléia Legislativa do
Estado do Rio Grande do Sul, o prédio do antigo Hotel Magestic (onde o autor
viveu por muitos e muitos anos), tombado como patrimônio histórico do Estado em
1982, passa a denominar-se Casa de Cultura Mário Quintana.
Em 1984 ocorrem os lançamentos de Nariz de Vidro, seleção de
textos de Mery Weiss, Editora Moderna - São Paulo, e O Sapo Amarelo, Editora
Mercado Aberto - Porto Alegre.
O álbum Quintana dos 8 aos 80 é publicado em 1985, fazendo
parte do Relatório da Diretoria da empresa SAMRIG, com texto analítico e
pesquisa de Tânia Franco Carvalhal, fotos de Liane Neves e ilustrações de Liana
Timm.
Ao completar 80 anos, em 1986, é publicada a coletânea 80
Anos de Poesia, organizada por Tânia Carvalhal, Editora Globo. Recebe o título
de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS) e pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Lança Baú de
Espantos, pela Editora Globo, uma reunião de 99 poemas inéditos.
Em 1987, são publicados Da Preguiça como Método de Trabalho,
Editora Globo, uma coletânea de crônicas publicadas em Do Caderno H, e
Preparativos de Viagem, também pela Globo, reflexões do poeta sobre o mundo.
Porta Giratória, pela Editora Globo - Rio de Janeiro, é
lançada em 1988, uma reunião de crônicas sobre o cotidiano, o tempo, a infância
e a morte.
Em 1989 ocorre o lançamento de A Cor do Invisível pela
Editora Globo - Rio de Janeiro. Recebe o título de Doutor Honoris Causa pela
Universidade de Campinas (UNICAMP) e pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). É eleito o Príncipe dos Poetas Brasileiros, entre escritores de
todo o Brasil.
Velório sem Defunto, poemas inéditos, é lançado pela Mercado
Aberto em 1990.
Em 1992, a editora da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS) reedita, em comemoração aos 50 anos de sua primeira publicação, A
Rua dos Cataventos.
Poemas inéditos são publicados no primeiro número da Revista
Poesia Sempre, da Fundação Biblioteca Nacional/Departamento Nacional do Livro,
em 1993. Integra a antologia bilíngüe Marco Sul/Sur - Poesia, publicada Editora
Tchê!, que reúne a poesia de brasileiros, uruguaios e argentinos. Seu texto
Lili Inventa o Mundo montado para o teatro infantil, por Dilmar Messias. Treze
de seus poemas são musicados pelo maestro Gil de Rocca Sales, para o recital de
canto Coral Quintanares - apresentado pela Madrigal de Porto Alegre no dia 30
de julho (seu aniversário) na Casa de Cultura Mario Quintana.
Alguns de seus textos são publicados na revista literária
Liberté - editada em Montreal, Quebec, Canadá - que dedicou seu 211o número à
literatura brasileira (junto com Assis Brasil e Moacyr Scliar), em 1994.
Publicação de Sapato Furado, pela editora FTD - antologia de poemas e prosas
poéticas, infanto - juvenil. Publicação pelo IEL, de Cantando o Imaginário do
Poeta, espetáculo musical apresentado no Teatro Bruno Kiefer pelo Coral da Casa
de Cultura Mário Quintana, constituído de poemas musicados pelo maestro Adroaldo Cauduro,
regente do mesmo Coral.
Falece, em Porto Alegre, no dia 5 de maio de 1994, próximo
de seus 87 anos, o poeta e escritor Mario Quintana.
Escreveu Quintana:
"Amigos não consultem os relógios quando um dia me for
de vossas vidas... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida
- a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade
inteira".
E, brincando com a morte: "A morte é a libertação
total: a morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos".
Bibliografia:
- Em português:
- A Rua dos Cata-ventos (1940)
- Canções (1946)
- Sapato Florido (1948)
- O Batalhão de Letras (1948)
- O Aprendiz de Feiticeiro (1950)
- Espelho Mágico (1951)
- Inéditos e Esparsos (1953)
- Poesias (1962)
- Antologia Poética (1966)
- Pé de Pilão (1968) - literatura infanto-juvenil
- Caderno H (1973)
- Apontamentos de História Sobrenatural (1976)
- Quintanares (1976) - edição especial para a MPM
Propaganda.
- A Vaca e o Hipogrifo (1977)
- Prosa e Verso (1978)
- Na Volta da Esquina (1979)
- Esconderijos do Tempo (1980)
- Nova Antologia Poética (1981)
- Mario Quintana (1982)
- Lili Inventa o Mundo (1983)
- Os melhores poemas de Mario Quintana (1983)
- Nariz de Vidro (1984)
- O Sapato Amarelo (1984) - literatura infanto-juvenil
- Primavera cruza o rio (1985)
- Oitenta anos de poesia (1986)
- Baú de espantos ((1986)
- Da Preguiça como Método de Trabalho (1987)
- Preparativos de Viagem (1987)
- Porta Giratória (1988)
- A Cor do Invisível (1989)
- Antologia poética de Mario Quintana (1989)
- Velório sem Defunto (1990)
- A Rua dos Cata-ventos (1992) - reedição para os 50 anos da
1a. publicação.
- Sapato Furado (1994)
- Mario Quintana - Poesia completa (2005)
- Quintana de bolso (2006)
No exterior:
- Em espanhol:
- Objetos Perdidos y Otros Poemas (1979) - Buenos Aires -
Argentina.
- Mario Quintana. Poemas (1984) - Lima, Peru.
Participação em Antologias:
No Brasil:
- Obras-primas da lírica brasileira (1943)
- Coletânea de poetas sul-rio-grandenses. 1834-1951 - (1952)
- Antologia da poesia brasileira moderna. 1922-1947 - (1953)
- Poesia nossa (1954)
- Antologia poética para a infância e a juventude (1961)
- Antologia da moderna poesia brasileira (1967)
- Antologia dos poetas brasileiros (1967)
- Poesia moderna (1967)
- Porto Alegre ontem e hoje (1971)
- Dicionário antológico das literaturas portuguesa e
brasileira (1971)
- Antologia da estância da poesia crioula (1972)
- Trovadores do Rio Grande do Sul (1972)
- Assim escrevem os gaúchos (1976)
- Antologia da literatura rio-grandense contemporânea -
Poesia e crônica (1979)
- Histórias de vinho (1980)
- Para gostar de ler: Poesias (1980)
- Te quero verde. Poesia e consciência ecológica (1982)
No Exterior:
- La poésie brésilienne, 1930-1940 - Rio de Janeiro (para
circulação no exterior) (1941)
- Brazilian literature. An outline. - New York (1945)
- Poesía brasileña contemporánea, 1920-1946 - Montevideo
(1947)
- Antologia de la poesía brasileña - Madrid (1952)
- La poésie brésilliene contemporaine - Paris (1954)
- Un secolo di poesia brasiliana - Siena (1954)
- Antología de la
poesía brasileña - Buenos Aires (1959)
- Antología de la poesía brasileña. Desde el Romanticismo a
la Generación de Cuarenta y Cinco - Barcelona (1973)
- Chew me up slowly - Porto Alegre (para circulação no
exterior) (1978)
- Las voces solidarias - Buenos Aires (1978)
Traduções:
PAPINI, Giovanni. Palavras e sangue. Porto Alegre: Globo,
1934.
MARSYAT, Fred. O navio fantasma. Porto Alegre: Globo, 1937.
VARALDO, Alessandro. Gata persa. Porto Alegre: Globo, 1938.
LUDWIG, Emil. Memórias de um caçador de homens. Porto
Alegre: Globo, 1939.
CONRAD, Joseph. Lord Jim. Porto Alegre: Globo, 1939.
STACPOOLE, H. de Vere. A laguna azul. Porto Alegre: Globo,
1940.
GRAVE, R. Eu, Claudius Imperator. Porto Alegre: Globo, 1940.
MORGAN, Charles. Sparkenbroke. Porto Alegre: Globo, 1941.
YUTANG, Lin. A importância de viver. Porto Alegre: Globo,
1941.
BRAUN, Vicki. Hotel Shangai. Porto Alegre: Globo, 1942.
FULOP-MILLER, René. Os grandes sonhos da humanidade. Porto
Alegre: Globo, 1942 (de parceria com R. Ledoux).
MAUPASSANT, Guy de. Contos. Porto Alegre: Globo, 1943.
LAMB, Charles & LAMB, Mary Ann. Contos de Shakespeare.
Porto Alegre: Globo, 1943.
MORGAN, Charles. A fonte. Porto Alegre: Globo, 1944.
MAUROIS, André. Os silêncios do Coronel Branble. Porto
Alegre: Globo, 1944.
LEHMANN, Rosamond. Poeira. Porto Alegre: Globo, 1945.
JAMES, Francis. O albergue das dores. Porto Alegre: Globo,
1945.
LAFAYETTE, Condessa de. A princesa de Cléves. Porto Alegre:
Globo, 1945.
BEAUMARCHAIS. O barbeiro de Sevilha ou a precaução inútil.
Porto Alegre: Globo, 1946.
WOOLF, Virginia. Mrs. Dalloway. Porto Alegre: Globo, 1946.
PROUST, Marcel. No caminho de Swann. Porto Alegre: Globo,
1948.
BROWN, Frederiek. Tio prodigioso. Porto Alegre: Globo, 1951.
HUXLEY, Aldous. Duas ou três graças. Porto Alegre: Globo,
1951.
MAUGHAM, Somerset. Confissões. Porto Alegre: Globo, 1951.
PROUST, Marcel. À sombra das raparigas em flor. Porto
Alegre: Globo, 1951.
VOLTAIRE. Contos e novelas. Porto Alegre: Globo, 1951.
BALZAC, Honoré de. Os sofrimentos do inventor. Porto Alegre:
Globo, 1951.
MAUGHAM, Somerset. Biombo chinês. Porto Alegre: Globo, 1952.
THOMAS, Henry & ARNOLD, Dana. Vidas de homens notáveis.
Porto Alegre: Globo, 1952.
GRENNE, Graham. O poder e a glória. Porto Alegre: Globo,
1953.
PROUST, Marcel. O caminho de Guermantes. Porto Alegre:
Globo, 1953.
PROUST, Marcel. Sodoma e Gomorra. Porto Alegre:Globo, 1954.
BALZAC, Honoré de. Uma paixão no deserto. Porto Alegre:
Globo, 1954.
MÉRIMÉE, Prospero Novelas completas. Porto Alegre:Globo,
1954.
MAUGHAM, Somerset. Cavalheiro de salão. Porto Alegre: Globo,
1954.
BUCK, Pearl S. Debaixo do céu. Porto Alegre: Globo, 1955.
BALZAC, Honoré de. Os proscritos. Porto Alegre: Globo, 1955.
BALZAC, Honoré de. Seráfita. Porto Alegre: Globo, 1955.
Discos:
- Antologia Poética de Mario Quintana - Gravadora Polygram
(1983)
Música:
- Recital Canto Coral Quintanares (1993) - treze poemas
musicados pelo maestro Gil de Rocca Sales.
- Cantando o Imaginário do Poeta (1994) - Coral Casa de
Mario Quintana - poemas musicados pelo maestro Adroaldo Cauduro.
Teatro:
- Lili Inventa o Mundo (1993) - montagem de Dilmar Messias.
Sobre o autor:
- Quintana dos 8 aos 80 (1985)
Dados obtidos em livros do e sobre o autor e páginas na
Internet, em especial a da Casa de Cultura Mario Quintana / Suzana Kanter.
A eterna musa do poeta Mario Quintana
No depoimento abaixo, a atriz Bruna Lombardi fala sobre a
amizade com o poeta e conta como conheceu o escritor.
Publicado originalmente no site O Tempo, em 30/07/06.
Bruna Lombardi - Especial para "O Tempo".
Começo pelo fim. Pela última coisa que escrevi para ele,
depois que ele se foi.
O Anjo.
Onde quer que você esteja
veja que agora
em algum lugar alguém chora
porque você foi embora.
Eu sei que você continua
por aí nesse universo
achando rima pra verso
com humor e melancolia
Perplexo feito criança
diante de cada mistério
sua sutil sabedoria
nota coisas tão pequenas
que outro não notaria
E aqueles que ficaram
por aqui, nessa passagem,
sentem no céu esse anjo
que você sempre escondia
e desejam boa viagem.
Essa foi a última nota que escrevi para o meu querido amigo
Mario que, por acaso, é um dos maiores poetas do Brasil. E talvez a pessoa mais
simples e genuina que conheci. Uma lição de humanidade pra quem teve a sorte de
conversar com ele. Conheci Mario em Porto Alegre, na Feira do Livro, em 77.
Eu era uma menina lançando meu primeiro livro de poesias
"No Ritmo dessa Festa", ele um poeta renomado e querido por todos. De
repente levei um susto: Mario Quintana comprou meu livro e estava na fila de
autógrafos. Fiquei profundamente sensibilizada com seu gesto.
E com a força que ele deu para os meus textos e o estímulo
para os meus futuros livros. Foi um caso de amizade à primeira vista. Era um
homem raro, único, como tudo o que ele escreveu, absolutamente encantador e
profundamente pessoal.
Morava sozinho num quarto de hotel em Porto Alegre, eu vivia
no eixo SP/Rio, mas nos prometemos desde então que tomaríamos chá juntos pelo
menos uma vez por ano. E quase nunca quebramos essa promessa. E se, às vezes,
ela foi quebrada, admito com tristeza que foi sempre culpa minha e da vida
atribulada que vivo.
Mas, tenho a imensa alegria de ter sido uma fiel amiga e
correspondente. Trocamos milhares de cartas. E acho que essas são coisas que
ajudam a gente a viver. Um dia me confessou que tinha dois pôsteres em seu
quarto. Um da Greta Garbo e um meu. Honra maior do que essa não existe.
Artigos me chamavam de musa do poeta. Mas a verdade é que
Mario é um poeta que não precisa de musas, porque as deusas da poesia o amavam
e protegiam. Ele gostava, e seus textos revelam isso, de coisas simples,
cotidianas, rotineiras como sua vida. E cheias de humor.
Tinha ousadia no humor. Via comicidade nas cenas de rua, nas
pessoas, nos fatos. Um homem capaz de rir de seus fantasmas. Um homem solitário
com imensa compaixão pelo seu semelhante. Aprendi muito com Mario. Coisas
pequenas, que não têm preço.
Sentávamos em bancos de jardim, de tarde, num dia de semana
em Porto Alegre. Essas conversas tinham um valor incomensurável para mim.
Falávamos de tudo. A vida dele, a minha, as coisas em volta, as pessoas.
O resto nos dizíamos por carta. Tesouros. Hoje tenho certeza
que essas coisas são o maior luxo de todos. O bem mais precioso, aquele que
nenhum cartão de crédito pode comprar. Por isso tenho uma afeição particular
por Porto Alegre e por tudo o que a cidade me trouxe.
Pra mim, Mario Quintana continua presente andando devagar
pelas ruas, sentado na mesa de um bar. Pra quem o queria transformar em
monumento, ele dizia, com seu jeito de rir de si mesmo, "um erro em bronze
é um erro eterno". Acredito que sua poesia permanece mais do que qualquer
monumento.
A poesia tem seus mistérios e um jeito sorrateiro de vencer
o tempo e chegar às pessoas. A poesia entra em quartos solitários e acompanha
quem sente que não pertence, quem tem dúvidas, quem chora em travesseiros, quem
erra, quem acerta, quem procura.
A poesia é extraordináriamente generosa. A poesia entra
clandestina onde alguém precisa dela e só faz bem. Mario e sua poesia estão por
aí, continuam. Coisas assim permanecem, são eternas.
Bruna Lombardi é atriz e poeta.
Texto reproduzido do site: otempo.com.br
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Publicado originalmente no blog Coordenação do livro, em 2 de maio de 2014.
Quintana 20 anos depois - "Ora Bolas – O Humor de Mario
Quintana"
Certo dia, uma emissora de TV paulista convidou Mario
Quintana e sua musa Bruna Lombardi para participarem de um programa semanal de
entrevistas. Quando chegou ao Correio do Povo a informação de que a atriz
receberia um cachê mas Quintana não, um colega indignado disse que aquilo era
um desrespeito. Quintana, porém, entendeu:
— Ora, as pernas dela são muito mais bonitas que as
minhas...
("Ora Bolas – O Humor de Mario Quintana. Compilação de
Juarez Fonseca, L&PM Pocket)
Texto reproduzido do blog: coordenacaodolivro.blogspot.com.br
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