Foto: V Photography and Art
Publicado originalmente no site do CINFORM, em 10 de dezembro de 2018
Muito mais que um simples livro
Por Julia Freitas
Apesar da falta de incentivo, os livros são importantes
ferramentas de transformação pessoal e social
Para alguns os livros são apenas objetos. Para outros é uma
oportunidade de viajar para outros tempos, outros lugares, outros mundos; uma
oportunidade de viver uma realidade completamente diferente da sua. Mas para
quem lê, além de tudo isso que acabei de mencionar, os livros são uma
ferramenta de transformação de suas próprias vidas.
Wilson Santos teve a vida transformada graças aos livros
Um exemplo de transformação que os livros possuem é a
própria vida do vigilante Wilson Santos Filho. Aos 15 anos ele ainda não sabia
ler ou escrever, mas adorava ouvir as histórias que sua mãe lhe contava e isso
o motivou a frequentar a escola.
“A minha paixão pelos livros começou com a minha mãe lendo
para mim. Aquilo despertava curiosidade e eu imaginava como seria eu mesmo
lendo, porque até então eu absorvia aquelas histórias através dela. Foi aí que
começou a minha busca para aprender a ler e, quando eu aprendi, aumentou o meu
prazer pelos livros e eu não parei mais”, lembra com carinho.
Foi visitando os sebos e lendo livros sobre filosofia e
literatura que Wilson conheceu novos livros, novos autores e novas visões sobre
o mundo. “Os sebos são acessíveis e possuem em seus acervos livros dos mais
diversos assuntos. Além disso, os donos nos ajudam muito. Eles nos indicam
livros, procuram com paciência os livros em meio ao acervo”, comenta.
Através do gosto que adquiriu pela leitura, Wilson galgou
passos que, antes dos 15 anos, talvez ele nunca imaginaria. Além de aprender a
ler e escrever, ele foi para a escola, se formou no ensino médio, mas não parou
por aí. Foi para a universidade e, recentemente, se formou no curso de Letras.
“Para mim o livro representa uma quebra de paradigmas. Eu mudei de vida graças
a eles e hoje percebo as diversas visões que podemos ter sobre o mundo”,
afirma.
CLUBE DE LEITURA
Como uma forma de difundir e discutir sobre livros, diversos
clubes de leitura existem pelo país, e em Aracaju não seria diferente. A
jornalista Mirella Mattos, que desde criança ama ler, participa de um desses
clubes.
“Eu sempre quis fazer parte de um clube de leitura, mas
nunca tinha tido essa oportunidade. Até que eu fui convidada por uma amiga para
participar de um clube restrito de leitura, onde lemos, discutimos e conhecemos
novas obras. E nós estamos em uma fase de empoderamento, então todas as obras
que lemos até o momento possuem esse apelo”, comenta.
Mirella Mattos participa do um clube de leitura
COMÉRCIO DE LIVROS
Natan de Albuquerque vende livros
há mais de dez anos
Um dos sebos mais conhecidos e frequentados da cidade é o
sebo do Natan, no centro de Aracaju. Há dez anos, o aposentado Natan de
Albuquerque comercializa livros usados, cinco deles nas proximidades da
Rodoviária Velha. Um acervo com milhares de livros que tratam sobre os mais
diversos assuntos, de filosofia a medicina, da literatura tradicional à
contabilidade.
“Infelizmente, as livrarias maiores se preocupam mais em
comercializar aqueles livros que são lançamentos ou que estão na moda, enquanto
que nos sebos você encontra livros que estão até mesmo fora de catálogo, como
os clássicos da literatura nordestina”, explica.
Segundo Natan, os sebos sobrevivem hoje graças ao amor que
os seus donos têm pelos livros, que geralmente têm coleções há anos, como ele
próprio que desde os 13 anos coleciona livros. Para ele, os sebos são espaços
culturais em que as pessoas podem conversar sobre qualquer assunto. “As pessoas
gostam de vir nos sebos para debaterem sobre diversos assuntos, como religião e
política”, comenta.
Apesar da resistência de sebistas e de leitores, o Brasil
segue nas últimas colocações quando o assunto é o consumo de livros. Hoje, o
Brasil ocupa a posição de número 59 em leitura entre 76 países. A pesquisa é
feita com base no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que é
aplicado em estudantes a partir do 7º ano. Segundo o Banco Mundial, isso fará
com que os estudantes brasileiros levem mais de 260 anos para atingir a
proficiência em leitura dos alunos de países desenvolvidos.
Texto e imagens reproduzidos do site: cinform.com.br
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