O dramaturgo Nelson Rodrigues em 1949.
Foto Carlos. Cedoc/Funarte.
Biografia de Nelson Rodrigues.
Dramaturgo, nascido no Recife e criado no Rio de Janeiro,
deixou legado de 17 peças, além de romances, contos e crônicas.
Por André Gomes.
Nelson Falcão Rodrigues nasceu no Recife, em 1912. Aos 5
anos, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, indo morar na Rua Alegre,
em Aldeia Campista, bairro que depois seria absorvido pelos vizinhos Andaraí,
Maracanã, Tijuca e Vila Isabel. Em contato com a imaginação fértil do futuro
escritor, a realidade da Zona Norte carioca, com suas tensões morais e sociais,
serviu como fonte de inspiração para Nelson construir personagens memoráveis e
histórias carregadas de lirismo trágico.
Aos 13 anos, ingressa na carreira de jornalista, trabalhando
como repórter policial em A Manhã, um dos jornais fundados por seu pai, Mário
Rodrigues, que marcaram época – o segundo foi Crítica, palco de uma tragédia
que abalaria o dramaturgo profundamente: o assassinato de seu irmão, o
ilustrador e pintor Roberto Rodrigues, em 1929.
Lado a lado com o teatro, o jornalismo foi para ele um
ambiente privilegiado de expressão. Dentre seus textos propriamente
jornalísticos, destacam-se aqueles dedicados ao futebol, em que empregou toda
sua veia dramática, transformando partidas em batalhas épicas e jogadores em heróis.
Trabalhou nos mais diversos jornais e revistas, assinando artigos e crônicas,
como a popular e discutida coluna “A Vida Como Ela É…”.
Em 1943, a consagração no Teatro Municipal do Rio de
Janeiro: sua segunda peça, Vestido de Noiva, montada por um grupo amador, Os
Comediantes, dirigida pelo polonês recém-imigrado Ziembinski e com cenários de
Tomás Santa Rosa, revolucionava a maneira de se fazer teatro no Brasil. Sua
peça seguinte, Álbum de Família, de 1946, que trata de incesto, foi censurada,
sendo liberada apenas duas décadas depois. Dali em diante, sua obra despertaria
as mais variadas reações, nunca a indiferença.
O prestígio alcançado pelo reconhecimento de seu talento não
livrou-o de contestações ou perseguições. Classificado pelo próprio Nelson Rodrigues
como “desagradável”, seu teatro chocou plateias, provocando não apenas
admiração, mas também repugnância e ódio, sentimentos muitas vezes alimentados
por seu temperamento inclinado à polêmica e à autopromoção.
Nelson Rodrigues morreu no Rio de Janeiro, em 1980, aos 68
anos. Além dos romances, contos e crônicas, deixou como legado 17 peças que,
vistas em conjunto, colocam-no entre os grandes nomes do teatro brasileiro e
universal.
Texto reproduzido do site: funarte.gov.br
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